quinta-feira, 25 de abril de 2013

TERCEIRA IDADE

Terceira idade, outono da vida, entardecer...
Um dia completei sessenta anos e por decreto entrei na categoria dos idosos.
Conquistei o direito à aposentadoria por idade, a pagar meia entrada em teatros e cinemas, e a entrar de graça nos museus. Alguma vantagem a gente precisa adquirir junto com as rugas, não é verdade?
Outono... Filhos criados e formados, árvores plantadas e livros editados.
Ah, este blog também é importante em minha vida. Passei um tempo sem postar, mas retorno com este texto acerca dessa etapa de minha existência.
Digitei no google "terceira idade" em imagens e deparei-me com uma centena de fotos de casais de cabelos brancos aproveitando a vida, como se isso correspondesse à realidade...
A gente sabe que não é assim. Eu frequento o SESC-Santos SP e por lá existe um número imenso de mulheres sozinhas. Os casais são minoria nesse universo da "melhor idade".  Os poucos homens avulsos são disputadíssimos!!!!
A maioria das minhas amigas são divorciadas, e como eu também vivem sós e aproveitam bastante suas vidas em voo solo.
Eu vivo só ha seis anos e gosto disso. Curto minha família, filhos e amigos.  Saio, passeio, viajo e não preciso dar satisfação de minha vida a ninguém.
Interessante ver como as mulheres lidam bem com essa questão de viverem sós. Como são bem resolvidas e apreciam sua própria companhia, talvez por serem mais flexíveis e mais auto-suficientes do que os homens.
Temos projetos, cuidamos de nossa saúde física e mental e muitas ainda trabalham.
Se é a melhor idade eu ainda não sei, mas esse outono da vida tem me ensinado muita coisa: principalmente aprendi a apreciar essa pessoa ávida pela vida que sou eu.

Iracema Ananias*
Foto internet

domingo, 15 de abril de 2012

Traje Poético III - Anáfora

Anáfora - Repetição de uma palavra no início de duas
ou mais frases sucessivas, para enfatizar o tema repetido.

Visões

Olho que olha, mas não vê
Refletindo o mundo, a luz, a dor, a cor...

Olho que não olha, mas vê
Não reflete o mundo, nem luz, nem dor ou cor...

Olho esquecido do que viu
Seria mundo, luz, dor ou cor?

Olho que não esquece
O mundo, a luz, a dor e a cor!

Iracema Ananias*
foto: internet

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Traje Poético II - Ditirambo

Ditirambo - Poesia que celebra os prazeres da mesa
e das bebidas alcoólicas. É o canto festivo dos banquetes.

Oh mesas postas de vinhos e queijos!
Aromas frutados, sabores de beijos...
A alma flutua em enlevo e alegria,
E o corpo navega em láctea orgia!

Fatias de leite e fios de tonéis
Na língua e palato confundem papéis:
Seriam os queijos que me embriagaram,
Ou foram os vinhos que me saciaram?

Iracema Ananias*
Foto: internet

domingo, 1 de abril de 2012

Traje Poético I - Triolé

Triolé - de origem francesa (triolet)
Composto por uma estrofe de oito versos,
na qual o 1º, o 4º e o 7°, são iguais,
e o 8º é a repetição do 2º

Navios chegam ao porto
Navios ganham o mar
Buscando abrigo e conforto
Navios chegam ao porto
Afoitos por regressar
Cansados de navegar
Navios chegam ao porto
Navios ganham o mar...

Iracema Ananias*


foto: Porto de Santos -SP - internet

quinta-feira, 29 de março de 2012

quem está ocupando seu trono?

Somos protagonistas de nossas histórias. Ou deveríamos ser...
Não somos coadjuvantes, nem tampouco deveríamos fazer figuração.
Ao deixarmos de exercer nosso papel de protagonistas, induzimos as pessoas que nos cercam
a nos tratar como coadjuvantes, ou figurantes de nossas próprias vidas.
Se avaliarmos com a devida coragem algumas situações desagradáveis, veremos que deixamos
nosso trono vazio ou permitimos que outra pessoa ocupasse nosso lugar de direito.
Pior ainda, quando nós mesmos as colocamos lá; e lá permanecem, reinando por anos a fio...
Cônjuges, filhos, amores, parentes ou amigos, são nossos coadjuvantes,
não os atores principais de nossas vidas.
Que cada um reine em sua própria história e que ocupe seu próprio trono, e para isso,
há que se vigiar sempre, há que se cultivar o respeito por si mesmo...
Amor nenhum justifica colocar-se voluntariamente em papel secundário
nessa experiência única chamada vida!

Iracema Ananias*
foto: internet


quarta-feira, 28 de março de 2012

Margarida

Personagem misteriosa de lendas antigas
Usada em sortilégios e poções medicinais
Prima da dália, sobrinha do girassol...
Asteraceae! Margarida!

Mandala em forma de flor!
Inflorescência de minúsculas flores amarelas
Coroadas por suaves "pétalas" brancas...
Asteraceae! Margarida!

Enfeite de tantos caminhos
Bordadura de tantos jardins
Amiga do dia, amante do sol...
Asteraceae! Margarida!

Que mesmo numa fenda de pedra nascida
Pouco espaço, sem terra ou amor
Floresce em formosura e frescor...
Asteraceae! Margarida!

Iracema Ananias*
Poema escrito especialmente para o evento "Noite das Flores"
Santos, primavera 2010
fazendo parte da antologia com o mesmo nome
Foto - internet

sexta-feira, 23 de março de 2012

CALMARIA

tempo de calmaria
velas frouxas
mar sereno
maresia

tempo de esquecer os danos
refazer os planos
corrigir o rumo
e coser os panos

tempo de esperar o vento
de estar atento
arrumar o barco
e buscar alento

tempo de viver o amor
esquecer a dor
respirar a vida
e cheirar a flor

tempo de fazer na areia
o que a alma anseia
nessa calmaria
sob a lua cheia...

Iracema Ananias*
foto internet