domingo, 15 de abril de 2012

Traje Poético III - Anáfora

Anáfora - Repetição de uma palavra no início de duas
ou mais frases sucessivas, para enfatizar o tema repetido.

Visões

Olho que olha, mas não vê
Refletindo o mundo, a luz, a dor, a cor...

Olho que não olha, mas vê
Não reflete o mundo, nem luz, nem dor ou cor...

Olho esquecido do que viu
Seria mundo, luz, dor ou cor?

Olho que não esquece
O mundo, a luz, a dor e a cor!

Iracema Ananias*
foto: internet

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Traje Poético II - Ditirambo

Ditirambo - Poesia que celebra os prazeres da mesa
e das bebidas alcoólicas. É o canto festivo dos banquetes.

Oh mesas postas de vinhos e queijos!
Aromas frutados, sabores de beijos...
A alma flutua em enlevo e alegria,
E o corpo navega em láctea orgia!

Fatias de leite e fios de tonéis
Na língua e palato confundem papéis:
Seriam os queijos que me embriagaram,
Ou foram os vinhos que me saciaram?

Iracema Ananias*
Foto: internet

domingo, 1 de abril de 2012

Traje Poético I - Triolé

Triolé - de origem francesa (triolet)
Composto por uma estrofe de oito versos,
na qual o 1º, o 4º e o 7°, são iguais,
e o 8º é a repetição do 2º

Navios chegam ao porto
Navios ganham o mar
Buscando abrigo e conforto
Navios chegam ao porto
Afoitos por regressar
Cansados de navegar
Navios chegam ao porto
Navios ganham o mar...

Iracema Ananias*


foto: Porto de Santos -SP - internet

quinta-feira, 29 de março de 2012

quem está ocupando seu trono?

Somos protagonistas de nossas histórias. Ou deveríamos ser...
Não somos coadjuvantes, nem tampouco deveríamos fazer figuração.
Ao deixarmos de exercer nosso papel de protagonistas, induzimos as pessoas que nos cercam
a nos tratar como coadjuvantes, ou figurantes de nossas próprias vidas.
Se avaliarmos com a devida coragem algumas situações desagradáveis, veremos que deixamos
nosso trono vazio ou permitimos que outra pessoa ocupasse nosso lugar de direito.
Pior ainda, quando nós mesmos as colocamos lá; e lá permanecem, reinando por anos a fio...
Cônjuges, filhos, amores, parentes ou amigos, são nossos coadjuvantes,
não os atores principais de nossas vidas.
Que cada um reine em sua própria história e que ocupe seu próprio trono, e para isso,
há que se vigiar sempre, há que se cultivar o respeito por si mesmo...
Amor nenhum justifica colocar-se voluntariamente em papel secundário
nessa experiência única chamada vida!

Iracema Ananias*
foto: internet


quarta-feira, 28 de março de 2012

Margarida

Personagem misteriosa de lendas antigas
Usada em sortilégios e poções medicinais
Prima da dália, sobrinha do girassol...
Asteraceae! Margarida!

Mandala em forma de flor!
Inflorescência de minúsculas flores amarelas
Coroadas por suaves "pétalas" brancas...
Asteraceae! Margarida!

Enfeite de tantos caminhos
Bordadura de tantos jardins
Amiga do dia, amante do sol...
Asteraceae! Margarida!

Que mesmo numa fenda de pedra nascida
Pouco espaço, sem terra ou amor
Floresce em formosura e frescor...
Asteraceae! Margarida!

Iracema Ananias*
Poema escrito especialmente para o evento "Noite das Flores"
Santos, primavera 2010
fazendo parte da antologia com o mesmo nome
Foto - internet

sexta-feira, 23 de março de 2012

CALMARIA

tempo de calmaria
velas frouxas
mar sereno
maresia

tempo de esquecer os danos
refazer os planos
corrigir o rumo
e coser os panos

tempo de esperar o vento
de estar atento
arrumar o barco
e buscar alento

tempo de viver o amor
esquecer a dor
respirar a vida
e cheirar a flor

tempo de fazer na areia
o que a alma anseia
nessa calmaria
sob a lua cheia...

Iracema Ananias*
foto internet