sábado, 6 de março de 2010

Nesnesitelná lehkost bytí


A insustentável Leveza do Ser

Quero-te como a liberdade fugidia
Anseio pela brisa fresca
entre corpos em delírio
Fotografo gritos mudos
com flashes do sol que não vejo

Minha alma seca busca saída
entre os escombros do teu corpo
que faço de abrigo
Perambulo pela história
de um sonho sem pátria

Foi preciso partir e voltar
pra saber que não importa o lugar
se a chama persiste em brilhar

Foi preciso abolir a vaidade
e celebrar no calor da amizade
a leveza do amor de verdade

Iracema Ananias*
2009

foto: internet

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ASSOCIAÇÃO PRATO DE SOPA MONSENHOR MOREIRA - SANTOS SP









A Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira completa 80 anos em 27 de junho de 2010!
http://www.pratodesopa.com.br/
Como artesã voluntária, realizo com os frequentadores da associação, um trabalho artesanal com foco na reciclagem de papel.

1- O trabalho começou tímido, com a confecção de cartões de natal utilizando recortes de revistas. Nas oficinas literárias da poetisa e haicaista Mahelen Madureira, os frequentadores aprenderam a compor haicais natalinos que foram impressos nos cartões.

2- O segundo projeto foi o terço, reciciclando embalagens de leite longa vida (a parte interna de alimínio). Esse material, cortado em tiras e dobrado, deu origem às miçangas do terço que enfeita o altar de nossa capela. O crucifixo do terço, foi confeccionado por um artesão frequentador da instituição. Uma verdadeira obra de arte!

3- O terceiro projeto foi o presépio com dobradura de jornal. Lúdica experiência! Para surpresa de todos, o presépio foi exposto no Mercado Municipal de Santos e lá permaneceu até o dia de Reis. Nossa festa de natal foi abrilhantada pelo coral natalino dos "nossos meninos" e a alegria da presidente Sra. Maria de Lourdes Magalhães Ozores, a Dona Lurdinha.

3- Reiniciamos os trabalhos em 2010 com vários projetos visando as comemorações do 80º aniversário do Prato, assunto das próximas postagens...


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANDANÇAS


ANDANÇAS
Criança caminhante...
Caminhei sobre areias escaldantes,
pastos, roças, plantações, terreiros de café...
Pisei com reverência o chão batido dos casebres.
Pisei com displicência os assoalhos encerados.
Em meus sonhos, caminhei sobre telhados,
arvoredos e gramados...
Continuei caminhando...
A vida não deteve meu caminhar.
Em minhas andanças, feri pés e coração...
As cicatrizes, considero como troféus!
Percorri minha terra, sentindo-me forasteira às vezes.
Andei por muitos caminhos e veredas...
Acampei em lugares insólitos,
e conheci a diversidade de meu país.
Em terras alheias, usei rotas alternativas...
Explorei os Everglades na Flórida,
e Óbidos em Portugal.
Na França, fiz piquenique à beira das estradas.
Vi os pinguins no Canal de Beagle,
e os glaciares da Patagônia.
Colhi flores em Bariloche, Calafate e Ushuaia.
Senti-me beduína no Deserto da Judéia,
lambi o sal do Mar Morto,
e respirei enxofre na cratera do Vesúvio.
Continuo caminhando...
Minha vida é um eterno recomeçar.

Iracema Ananias*



domingo, 27 de setembro de 2009

O VAGALUME E O SAPO


Entre o gramado do campo
Modesto, em paz se escondia
Pequeno pirilampo que,
sem o saber, luzia.
Feio sapo repelente
Sai do córrego lodoso,
Cospe a baba de repente
Sobre o insecto luminoso.
Pergunta-lhe o vagalume:
- "Por que me vens maltratar?"
E o sapo com azedume:
- "Porque estás sempre a brilhar!"

João Ribeiro (1860-1934)
transcrição -Grande fabulário do Brasil
foto internet

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SONO DAS ÁGUAS - GUIMARÃES ROSA

Há uma hora certa, no meio da noite, uma hora morta, em que a água dorme.
Todas as águas dormem: no rio, na lagoa, no açude, no brejão, nos olhos d'água, nos grotões fundos.
E quem ficar acordado, na barranca, a noite inteira, há de ouvir a cachoeira parar a queda e o choro, que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas, sonolentas, todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas, fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha nas placas da folhagem.
E adormece até a água fervida, nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem, nessa hora de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando, e chorando, a noite toda, porque a água dos olhos nunca tem sono...

Rosa, João Guimarães, 1908-1967
Magma pags.66/67 Edit.Nova Fronteira 1997
Foto Iara do Ivaí - Lagoa da Saudade, Morro Nova Cintra, Santos SP

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

AS MULHERES SÃO SEMPRE AS CULPADAS?

Estive lendo hoje, num site feminino de renome, esse que entra automaticamente quando abrimos a internet, alguns conselhos para as mulheres não perderem seus relacionamentos, e se o perderam, o que fazer para não perderem o próximo.
Escrito por mulheres, citando as dicas de mulheres psicólogas, e lá dizem com todas as letras e acentos, que a culpa é sempre das mulheres! Se o relacionamento acabou, nós fizemos tudo errado! Dá inclusive, dicas de como tratar o homem para não desagradá-lo, oferecendo sobremesas que ele gosta etc...
Tive a impressão de ter voltado no tempo, no meu tempo, em que as moças eram educadas para casar e ouvíamos de nossas mães, tias e avós, os mesmíssimos conselhos do referido site.
Ao que me consta, se um relacionamento não deu certo, a responsabilidade cabe às duas partes.
E se uma das partes não está satisfeita, não há sobremesas favoritas que as façam permenacer na relação.
A coisa é infinitamente mais complexa... É tempo de parceria, divisão de alegrias e responsabilidades. É tempo de mulher & homem, não homem x mulher. É tempo de igualdade!
Estamos no terceiro milênio e ainda somos obrigadas a ler conselhos do tempo das anquinhas e bandôs.

Iracema Ananias*

IAUPÊ-JAÇANÃ ( VITÓRIA-RÉGIA)



Planta aquática, cujo nome amazônico é Iaupê-jaçanã, é a maior de todas as ninféias. Da família das Nymphaeaceaes, recebeu o nome de Vitória-Régia em homenagem à rainha Vitória da Inglaterra.
Sua flor é branca e abre-se apenas à noite, a partir das seis horas da tarde, e expele uma divina fragrância noturna adocicada do abricó. Mantém-se aberta até aproximadamente as nove horas da manhã do dia seguinte. No segundo dia, o da polinização, a flor é cor de rosa. Assim que as flores se abrem, seu forte odor atrai os besouros polinizadores.

foto 1 Daniel de Granville www.pantanalecoturismo.tur.br