segunda-feira, 29 de março de 2010

VALE DAS ÁGUAS


Nas bordas de um vale seco me sentei para chorar.
E foram tantas as lágrimas do meu copioso pranto,
que viraram corredeiras, despencaram em cachoeiras,
corroeram ribanceiras e desaguaram no mar.

E o mar, que indiferente a tantas águas
que nele sempre desaguam, nesse dia se exaltou:
Que águas seriam essas, de um salgado tão doído,
um sal doce descabido, que vem suas águas beijar?

E esse beijo tão sentido comoveu o imenso mar.
Querendo encontrar a fonte de tão amorosas águas,
subiu com as suas águas os degraus das cachoeiras,
enfrentou as corredeiras, até meus olhos beijar.

E desse beijo infinito, da fusão de nossas águas,
adoçamos tantas mágoas, que o meu pranto cessou...
A natureza em seguida, nos sorriu agradecida,
jorrando uma nova fonte, fonte de amor e de vida.

E hoje, quando me ponho a cantar, ouço a cantiga do mar.
Esse mar que me embala, quando estou a sonhar...
Pois apenas nós sabemos o segredo que vivemos:
Quando o mar beijou meus olhos e meu pranto virou mar.

Iracema Ananias*
05/03/07

foto: www.seudestino.net
Cachoeira Capão Rico
Águas de Santa Bárbara-SP

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